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quinta-feira, agosto 07, 2003

Talvez seja pura insensibilidade minha, mas não consigo lamentar, tanto assim, pelo falecimento do Dr. Roberto Marinho. Lamento por seus familiares, amigos e, até funcionários que, acredito piamente, estarem entristecidos.

Sem tirar-lhe o grande mérito, a enorme importância, a extrema inteligência e sagacidade para lidar com a realidade dos fatos que o cercava - jogos de interesse, egos inflamados e tudo mais que o alto escalão do Poder possa trazer -; tem duas coisas que me incomodam bastante no que se refere a essa pessoa tão poderosa: a primeira diz respeito ao fato de como um homem, em plena vigência de uma Ditadura Militar pós-AI-5, tenha conseguido inaugurar e tornar tão próspera uma emissora de televisão como a Rede Globo sem ceder, pelo menos em partes, aos desejos de uma Ditadura?! Não sou tão boba de achar que fosse uma questão de poder ou não aceitar as ordens dos militares. Elas existiam para serem cumpridas. É claro que toda a Imprensa Nacional daquela época foi coagida e todas, em algum momento, cederam. Umas mais, outras menos, de formas mais rebeldes (deixando claro ao seu público de que estava sendo censurada) ou veladas (simplesmente acatando ordens superiores fingindo que nada acontecia nos porões e calabouços de delegacias). Não quero me aprofundar neste ponto, pois isso é outro assunto. Não vivi aqueles tempos, mas será que a TV Tupi e a TV Record com seus festivais e canções de protestos agiram da mesma forma que a Rede Globo? Acho que não e talvez por isso não haja, hoje em dia, uma concorrente à altura. É certo que nos últimos anos a Rede Globo tem tido alguns reveses dentro de sua programação, mas nada comparável às outras emissoras, mas sim comparada à própria TV Globo de outros tempos. E mesmo assim tem perdido para um outro braço das Organizações Globo: a Globosat.

O outro ponto que me incomoda se refere a sua idoneidade, honestidade e grandeza de caráter. Não duvido de que ele as tivesse. É sabido por qualquer um que todos os funcionários da Globo têm respaldo quando passam por dificuldades como os de saúde etc. E isso é de se aplaudir muito, mesmo – e principalmente – nos dias de hoje!!! Sempre houve iniciativas interessantes na parte cultural como os novos formatos de dramaturgias e mesmo no restauro do patrimônio artístico-cultural-arquitetural de cidades brasileiras patrocinadas pela Fundação Roberto Marinho. Também idéias, como a TV Futura, na área educacional são bem vindas neste país de analfabetos que são considerados alfabetizados só porque sabem “desenhar” seus nomes quando necessário.Um homem que parecia tão preocupado com o social e bilionário...! E é neste ponto que me questiono: por que não era ele, mas sim Silvio Santos o maior contribuinte físico do Imposto de Renda da Federação?! É sabido que o Dr. Roberto Marinho foi bem mais abonado que Silvio Santos (que também não é nenhum santo). Será que a fortuna pessoal do Sr. Roberto Marinho era menor do que a do Homem do Baú? Duvido...

Mas, por favor, desconsiderem o que foi lido até aqui, pois isso foi apenas um questionamento em voz alta, sem nenhuma importância e talvez cheia de fatos distorcidos escritos por uma pessoa já bastante cansada. É tarde!

Se eu o achasse tão desprezível e pouco importante (para o bem ou mal) ao Brasil, não perderia meu tempo escrevendo este texto enorme que ninguém terá paciência de ler. Se você chegou: meus parabéns! Mas lamentar por sua morte é bobagem: quantas pessoas você conhece que estava para completar 99 anos de idade este ano, lúcido, bilionário e, possivelmente, realizado profissional e pessoalmente?!
(escrito entre 21:30 e 24:30)

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